Após 68 anos, Belas Artes vai fechar as portas em São Paulo

06/01/2011 16:51

O Cinema Belas Artes, um dos complexos cinematográficos mais antigos de São Paulo, se prepara para suas últimas sessões. No dia 30 de dezembro, uma notificação judicial avisou que o imóvel, na esquina da avenida Paulista com a rua da Consolação, terá que ser entregue até fevereiro.
Com isso terminará uma história iniciada em 1943. E principalmente acabarão os "Noitões", conhecidas sessões noturnas que, nos últimos anos, chegaram a reunir mil pessoas madrugada adentro.

A ameaça de fechamento do cinema veio a conhecimento público em março de 2010, quando o HSBC pôs fim ao patrocínio. André Sturm, o proprietário, começou então a bater à porta de algumas empresas, atrás de nova parceria. Após algumas conversas em novembro passado, foi acertado novo apoio. Além disso, a cidade se mobilizasse para salvar o Belas Artes. A campanha tanto deu resultado que o patrocínio chegou. A minuta do contrato estava sendo finalizada quando veio a surpresa. "O proprietário disse que queria o imóvel de volta porque ia abrir uma loja lá", afirma Sturm que havia se comprometido a pagar um novo valor de aluguel, de R$ 65 mil, assim que fechasse o patrocínio. "Tínhamos um acordo, mas ele não cumpriu. Venceu a visão mesquinha", diz Sturm.
Procurado o dono do o proprietário do imóvel, Flávio Maluf não quis dar declarações sobre o assunto.
E as manifestações já começaram a aparecer. Frequentador do Belas Artes, o cineasta José Mojica Marins, o lendário Zé do Caixão, revela uma "tristeza imensa". E ataca, unhas em riste, o desinteresse do Estado por qualquer tipo de arte "Aqui ninguém se apega a porra nenhuma. Todo mundo está cometendo besteiras, principalmente os políticos em geral. E isso é prejudicial à cultura, ao cinéfilo. Parece que eles não querem mais que se faça cinema aqui. É prejudicial ao público, que fica sem opção de nada. Isso dá uma tristeza imensa. Em lugar de progredirmos, estamos regredindo".